quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Não é TRI

Uso o transporte público de Porto Alegre todos os dias, principalmente as lotações. Por isso, fiquei entusiasmado com a implantação do cartão de transporte integrado (TRI).

Durou pouco minha empolgação. Assim que descobri como funciona, percebi que o cartão foi concebido para beneficiar unicamente as empresas de transporte. Calculo que o objetivo inicial tenha sido o de eliminar as fraudes com as fichas.

Em primeiro lugar, é preciso cadastrar-se e são exigidos CPF, RG e comprovante de residência. É uma invasão de privacidade difícil de aceitar para quem quer apenas pagar pelo serviço de locomoção. Além disso, é preciso esperar 10 dias. Não, o visitante que estiver alguns dias em Porto Alegre não pode comprar um cartão. Em outros lugares, como Londres e Paris, pode-se comprar um cartão de transporte em qualquer esquina.

Como se as exigências burocráticas não fossem suficientes, os aspectos financeiros do sistema são um insulto ao consumidor. O portador abastece seu cartão com dinheiro, não com passagens. Mesmo pagando antecipadamente, se as passagens forem reajustadas, o paisano terá subtraído o novo valor a cada deslocamento. Além disso, não há qualquer desconto! Comprar cem passagens não confere nenhuma vantagem sobre comprar dez.

Em resumo, o cartão TRI é um esquema de prevenção de fraudes e de antecipação de receita. As necessidades dos clientes não entraram na equação. Passo por várias bancas de revistas pelo centro e torço pelo dia em que eu vou poder entrar numa para comprar um cartão de transporte para uma semana, um mês ou um dia.

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