quinta-feira, 8 de maio de 2014

Supercotas

As cotas nas universidades não cessam de gerar polêmica, mas é difícil encontrar alguma opinião sobre a necessidade de diversidade no âmbito acadêmico. Sim, porque o objetivo das cotas é, justamente, dar mais cor ao meio universitário.

Comumente, as universidades são vistas como um meio para uma carreira lucrativa, não como centros de produção de conhecimento. Quem vê o curso superior como preparação para o mercado de trabalho, pode muito bem ignorar a necessidade de variedade; quem o vê com objetivos mais amplos, não pode ignorar a importância da diversidade.

Atualmente, essa injeção de diversidade concentra-se justamente na dimensão racial/étnica. É um começo, mas o processo seletivo continua o mesmo; selecionam-se candidatos capazes de guardar um volume enciclopédico de conhecimento e que tenham o tempo necessário para a preparação. Nesse sentido, os cotistas não são muito diferentes dos demais.

Eu proponho que as cotas sejam transformadas em supercotas e creio que, no processo, criaríamos um vestibular mais democrático ainda.

A solução é simples: as vagas seriam sorteadas entre todos os aprovados com a nota mínima. Desta forma, seria atingida de maneira simples a diversidade máxima. Todas as dimensões de diversidade seriam contempladas num único sistema, sem que nenhum segmento fosse destacado: negros, índios, mulheres, pobres, ricos, criativos, concentrados, distraídos, etc.

Além disso, o vestibular atual cria a ilusão de que os que não são aprovados merecem seu destino e isso acaba por abafar a discussão sobre o número de vagas. Para a educação primária e secundária, ninguém discute a necessidade de haver vagas para todos, mas para o terceiro grau aceita-se que existam vagas para apenas 5% dos candidatos. Num sistema por sorteio, encontrando-se todos os candidatos nas mesmas condições, é de se esperar que cresça a pressão por mais vagas nas universidades públicas.

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